Em 2016 eu publiquei um pequeno texto no portal Vitruvius sobre Colin Ward (1924-2010), um importante anarquista britânico que se dedicou à educação, à infância e à cidade de uma maneira vigorosa e criativa, contribuindo no Reino Unido para uma visão mais aberta do complexo sistema de interseção entre a construção da autonomia, escola, espaço público, habitação e herança cultural.

Seus escritos e sua vida pública nos ajudam a entender por que ele permanece até hoje reconhecido como um dos pioneiros e entusiastas dos playgrounds, dos parques, da habitação social e das cooperativas e das ocupações. Inspirado por Peter Kropotkin (1842-1921), Ward defendeu o prevalecimento total das formas de organização horizontais e autônomas em detrimento da exclusão provenientes do autoritarismo nas organizações sociais. Foi um defensor da ocupação e da apropriação criativa e comunitária da cidade, dos squats, das escolas e de todo patrimônio industrial inglês. Muitos de seus escritos sobre a cidade abordam a juventude, a escola e a vida pública, enquanto seus escritos sobre a escola por diversas vezes abordaram a complexidade da cidade. Além de editor de revistas como a importante Anarchy, Ward foi técnico em arquitetura, professor em Wandsworth e editor do The Bulletin of Environmental Education. Ele também foi secretario de educação na Town and Country Planning Association, fundada em 1899 por Ebenezer Howard, conceptor e difusor da ideia de “Cidade Jardim”.

Publicações:

  • Talking Green (2012)
  • Autonomy, Solidarity, Possibility: The Colin Ward Reader (edited by Damian F. White and Chris Wilbert) (2011)
  • Anarchism: A Very Short Introduction (2004)
  • Cotters and Squatters: The Hidden History of Housing (2004)
  • Talking Anarchy (with David Goodway) (2003)
  • Sociable Cities: The Legacy of Ebenezer Howard (with Peter Hall) (1999)
  • Reflected in Water: a Crisis of Social Responsibility (1997)
  • Havens and Springboards: The Foyer Movement in Context (1997)
  • Stamps: Designs For Anarchist Postage Stamps (illustrated by Clifford Harper) (1997)
  • Talking to Architects (1996)
  • New Town, Home Town (1993)
  • Freedom to Go: After the Motor Age (1991)
  • Influences: Voices of Creative Dissent (1991)
  • Talking Houses: 10 Lectures (1990)
  • Undermining the Central Line (with Ruth Rendell) (1989)
  • Welcome, Thinner City: Urban Survival in the 1990s (1989)
  • The Allotment: Its Landscape and Culture (with David Crouch) (1988)
  • The Child in the Country (1988)
  • A Decade of Anarchy (1961-1970) (1987)
  • Chartres: the Making of a Miracle (1986)
  • Goodnight Campers! The History of the British Holiday Camp (with Dennis Hardy) (1986)
  • When We Build Again: Let’s Have Housing that Works! (1985)
  • Arcadia for All: The Legacy of a Makeshift Landscape (with Dennis Hardy) (1984)
  • The Child In The City (1978)
  • Housing: An Anarchist Approach (1976)
  • British School Buildings: Designs and Appraisals 1964-74 (1976)
  • Tenants Take Over (1974)
  • Utopia (1974)
  • Vandalism (ed.) (1974)
  • Anarchy in Action (1973)
  • Streetwork: The Exploding School (with Anthony Fyson) (1973)
  • Work (1972)

Para quem quiser começar a ler as publicações do autor, eu recomendo “Utopia” publicado pela Penguin em 1974. Foi por ele que eu comecei!

Segue o link para download

WARD, Colin. Utopia Human Space_1974

Publicado na Revista Urbana junto ao dossiê Cidade e Cultura Visual, o artigo “Émile Rouède, o correspondente de Ouro Preto” apresenta uma breve análise focada em passagens da trajetória de Émile Rouède no Brasil, especialmente durante o período em que esse esteve em Minas Gerais. Rouède foi pintor, jornalista, nascido na França em 1848 e falecido na cidade de Santos (São Paulo, Brasil) em 1908. Em Minas Gerais pintou vistas do antigo Curral Del Rei – demolido para a construção de Belo Horizonte – e escreveu sobre o processo de mudança da capital do estado. Foi entusiasta da República e da abolição da escravidão. Sua trajetória complexa e sua formação plural são congruentes com um indivíduo que transitou entre especialidades e meios técnicos aparentemente distantes. As fontes utilizadas foram os fragmentos da sua produção cultural no referido período.

O artigo pode ser acessado em https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/urbana/article/view/8648571

Oliveira, C. A. (2017). Émile Rouède, o correspondente de Ouro Preto. URBANA: Revista Eletrônica Do Centro Interdisciplinar De Estudos Sobre a Cidade9(2), 335-353. https://doi.org/10.20396/urbana.v9i2.8648571

No dia 5 de dezembro de 2016 eu estive em uma escola de ensino fundamental do SESI na região do Barreiro, em Belo Horizonte, para conversar com cerca de 50 alunos sobre cidade, urbanismo e espaços públicos. 

Depois de passar um ano conversando com muitos adultos em congressos nacionais e internacionais eu aceitei com muita alegria o convite do professor Bruno Freire e da direção da escola para conduzir uma conversa franca e aberta com o grupo de estudantes com idade entre 11 e 13 anos.

Uma conversa com crianças e adolescentes sobre a cidade é um processo de trocas e aprendizados muito rico que pode nos levar a perceber com mais sensibilidade os espaços públicos enquanto espaços de construção constante da experiência de vida nas cidades. Enquanto alguns estudiosos defendem o ensino de urbanismo nas escolas desde o ensino básico, eu acredito na conjugação entre a educação dentro da escola e aquela fora do ambiente escolar como uma das possibilidades de se escapar do formalismo e autoritarismo que sustentam as nossas concepções de cidade. Ou seja, a relação dos processos educativos com a cidade deve buscar bases antiautoritárias e não-tradicionais para que a subjetividade e a experiência de livre apropriação do território sejam efetivamente ferramentas de transformação do espaço urbano. 

eu publiquei Colin Ward – a escola e a cidade no portal Vitruvius em setembro de 2016 . Trata-se de algumas considerações sobre a importância das contribuições do autor para experiência na cidade. Colin Ward (1924-2010) foi um proeminente e participativo anarquista britânico que se dedicou à educação, à infância e à cidade de uma maneira vigorosa e criativa, contribuindo no Reino Unido para uma visão mais aberta do que concerne o complexo sistema de interseção entre a construção da autonomia, escola, espaço público, habitação e herança cultural. Um comentário mais amplo sobre o artigo está disponível aqui no site através do link.

https://deslocamentos.com/#colin-ward-a-escola-e-a-cidade

O artigo “Labirinto de Rawet” foi publicado em 2016 pela revista Oculum, apresentando a trajetória do engenheiro calculista e escritor Samuel Rawet, e a relação entre sua produção textual e os espaços urbanos, pouco abordada fora dos estudos literários. O ponto de partida para redação do artigo foi a assertiva de que as trajetórias individuais também podem ser cartografadas ou problematizadas historicamente em relação ao espaço e tomadas a partir da multifacetada dinâmica de apropriação e ressignificação do mesmo, sendo indivíduos e grupos seus agentes diretos.

O texto pode ser acessado em http://periodicos.puc-campinas.edu.br/seer/index.php/oculum/article/view/3340

Squares, parks, and gardens in the context of urban centers directly relate to issues of public space and public life, which, in turn, inform us about accessibility and the appropriation of these tangible spaces that are intertwined with politics and culture. In Brazil, the square is characterized as a public, collective, and multifunctional space. It is an urban element that identifies and contributes to the organization of the city’s space by establishing free access and the possibility of social interaction. In “Projeto da Praça: convívio e exclusão no espaço público” (2008), Sun Alex, a Ph.D. in architecture from the Faculty of Architecture and Urbanism at the University of São Paulo (FAU-USP), analyzes six squares located in the city of São Paulo, examining the influence of American landscaping on the design of Brazilian public spaces. With clarity, he proposes alternatives for expanding usage, access, and integration with the surrounding environment.


Access the full review at Portal Vitruvius

What do places mean to us as social individuals and citizens? Are plazas the void that emerges in the cityscape? Do their existence owe to monuments, gardens, seating spaces, or the meaning that society attributes to public spaces? This question resonates when we think about the public significance of city spaces, as in Belo Horizonte – the monumental capital of political, civic, and moral values of 19th-century republican Minas.

A public square is an urban element that identifies and organizes the city’s space. Its fundamental characteristic is the free access inherent in its public nature. Such a definition implies the relationship of an open space with the surrounding buildings, their marginal plans, and facades, but it is also directly defined by its use and social value. In this sense, reflecting on public spaces would be impossible without considering the relationship between urban individuals and the city.

The full text can be accessed at the Portal Vitruvius