In March 2023, I participated in the 12th edition of the Tiradentes Photography Festival representing the Mofo Collective. The panel titled “Analog Photography Today” featured the participation of the Deriva Collective and Grão Collective. On this occasion, I had the opportunity to share my experience and perception of the creative processes related to the world of analog photography.

 

The opportunity also allowed me to reflect on the power of art collectives in Brazil, which continue to contribute to pushing the limits imposed by academia, reversing traditional and conservative notions of the artist as a “genius” and the image of the artist working alone as an enlightened being illuminated by the divine light of imagination.

Event photos: Thais Andressa

Below, I share the presentation displayed at the festival:

Em dezembro do ano passado eu imprimi em risografia três fotografias da série Heterotopias

Heterotopia é um conceito que significa literalmente “outros lugares” e serve para descrever um mundo descentralizado em relação aos espaços normais ou cotidianos, que podem ter significados múltiplos, fragmentados ou mesmo incompatíveis com a realidade.

Heterotopias, enquanto projeto fotográfico, é uma investigação experimental em elaboração desde 2016 que desdobra as incompatibilidades, fragmentações e multiplicidades de significados do espaço e da realidade construída a partir da imagem fotográfica experimental. 

Risografia é um processo rápido de impressão feito através das copiadoras japonesas Risograph, que usa matrizes que funcionam como serigrafia. As fotos foram impressas na Entrecampo em Belo Horizonte, pelo Ricardo Portilho em Papel Markatto Edition 200g, tamanho A3. As fotos coloridas foram impressas em 2 cores, e a preto e branca em Preto 100%, com tiragem de 50 cópias cada.

Confira as fotografias:

Para adquirir cópias, escreva para oliveirahcp@gmail.com

Entre os dias 14 e 18 de novembro de 2018 eu representei o Coletivo Mofo no evento anual do Co-fluir, outro coletivo de de fotografia de Belo Horizonte. A segunda edição do evento conseguiu reunir fotógrafos e pesquisadores do Brasil inteiro, rendendo bons debates. Na ocasião, fui convidado para expor um trabalho no Centro Cultural da UFMG e conduzir uma conversa sobre memória e fotografia analógica no espaço cultural 104.

Eu acompanhei de perto a banda Estática entre 2017 e 2019. Sempre fui interessado em documentar processos artísticos, e eu já vinha exercitando isso durante a residência do Coletivo Mofo no Edifício Almeida Centro de Inspiração.

Ao longo dos últimos anos eu entendi que esse processo de acompanhar e documentar artistas teria como primeira etapa a escuta, a observação e a convivência. O momento decisivo para o registro fotográfico desses processos não está na imagem, não é um clique, é a experiência de quem tem que perceber com muita atenção a rotina do artista, muitas vezes considerando a hora que ele acorda até a hora que ele vai dormir, e que nem sempre o artista produz arte o tempo todo.

A produção da capa do disco envolveu um retorno em diversas imagens da banda, e em imagens do meu acervo que foram realizadas no mesmo período, porém em contextos diferentes. A partir do que vínhamos conversando, arquitetura, comportamento e experimentalismo foram se juntando à medida do amadurecimento do conceito.

Tenho que confessar que eu sempre sonhei em trabalhar na produção de uma capa de disco, ainda mais um lançamento em vinil. O que eu não imaginava é que eu acabaria trabalhando com uma imagem que não era minha. Isso mesmo. Após refletir muito sobre a experiência da banda e conversar com os integrantes sobre o conceito do disco, trabalhei em cima de uma imagem do espaço sideral com intervenções. Olivia Zismann, uma das guitarristas e cantoras da banda foi a responsável por algumas concepções da capa. Trabalhamos juntos em trocas e mais trocas de imagens.

Avançar para além da fotografia, mesmo que após quase três anos fotografando a banda, resultou em um crescimento inestimável. O desenvolvimento foi acontecendo com uma sinergia quase apocalíptica. Eu utilizei fogo, spray, estilete, arroz.. Busquei chegar na abstração da minha própria fotografia.

“A civilização é um sistema de crenças insustentável”

O encarte do disco também contou com uma série de fotografias minhas. A grande maioria relacionada ao contexto urbano de diversas cidades. Essa coisa da arquitetura em desconstrução violenta manteve diálogo direto com a ilustração da capa, criada pelo designer Rodrigo Grimmer.

No vídeo, a seguir, é possível ver um pouco da parte de dentro do disco. Confira:

Segue um registro que eu fiz da banda ao vivo:

Estática é uma banda de expoentes da cena punk de Belo Horizonte. Alguns dos integrantes têm projetos musicais juntos desde 1995. Entre 2017 e 2019 eu acompanhei a banda durante a produção do seu primeiro disco e fotografei alguns shows.

As cenas a seguir foram registradas na ocupação urbana anarquista Kasa Invisível, localizada no centro de Belo Horizonte no dia 14 de junho de 2019.

Não se vive em um espaço neutro e branco; não se vive, não se morre, não se ama no retângulo de uma folha de papel. Vive-se, morre-se, ama-se em um espaço quadriculado, recortado, matizado, com zonas claras e sombras, diferenças de níveis, degraus de escada, vãos, relevos, regiões duras e outras quebradiças, penetráveis, porosas. Há regiões de passagem, ruas, trens, metrôs; há regiões abertas de parada transitória, cafés, cinemas, praias, hotéis, e há regiões fechadas de repouso e moradia.

O Corpo Utópico, as heterotopias. Michel Foucault.

Heterotopia é um conceito que significa literalmente “outros lugares” e serve para descrever um mundo descentralizado em relação aos espaços normais ou cotidianos, que podem ter significados múltiplos, fragmentados ou mesmo incompatíveis com a realidade.

Heterotopias, enquanto projeto fotográfico, é uma investigação experimental em elaboração desde 2016 que desdobra as incompatibilidades, fragmentações e multiplicidades de significados do espaço e da realidade construída a partir da imagem fotográfica experimental.